quarta-feira, 9 de junho de 2010

(conto) Sexo no supermercado

Ela escolhia as maçãs enquanto eu me apaixonava. Quando levantou os olhos, lá estava eu. Não foi coincidência. Eu ainda olhava para baixo, para algum cesto de algo que eu não compraria, mas fingia me importar. Do outro lado do cesto ela me observava e sorria. Eu sabia disso mesmo sem vê-la, o porquê eu não sei. “Ana!”, gritou uma mulher que passava por nós com o carrinho cheio de compras e assim eu descobri o seu nome.
Passei a fitar diretamente as duas. Ana abraçou a amiga e me pareceu a mais doce das criaturas. Conversaram algumas futilidades que eu não me recordo. Talvez não tenha ouvido, talvez os peitos de Ana tenham me deixado surdo e insensível e agora eu fosse apenas olhos. Olhos que só viam os peitos épicos de Ana.
Ana se despediu da amiga e caminhou em direção ao corredor onde fica a geladeira. Eu fingi vontade de tomar um iogurte. Seus peitos continuavam lindos, mas eu já observava com mais calma todo o resto. Suas coxas também eram grandes e sua bunda magnífica. Ela era maior do que eu, um mulherão mesmo. Vestia uma mini-saia jeans e uma blusa branca decotada. Aproximei-me e falei “com licença”. Ela olhou pra mim, sorriu - exatamente como eu havia imaginado que fosse seu sorriso - e me deixou passar. Agora eu fingia me interessar pelos queijos.
Não tive coragem de puxar assunto. Pensei em perguntar as horas, mas eu usava um relógio grande que ela já podia ter visto. Também achei a pergunta um tanto besta. Precisava dizer algo engraçado, ou então que ela derrubasse a prateleira de presunto para que eu lhe mostrasse o quanto sou solidário. “Ah muito obrigada, você é muito gentil”, ela diria enquanto eu recolho do chão toda a comida. “E você desastrada”. Nós dois daríamos risada. Depois trocaríamos outro olhar e eu seria simpático.
Ana, porém, não derrubou nenhuma prateleira. Quando caminhou para o caixa, eu senti meu coração apertado. Corri atrás dela e gritei o seu nome um tanto mais alto que o necessário para que ela me escutasse. Ana se virou assustada e me viu parado no meio do corredor com um pacote de queijo em uma mão e um guarda-chuva na outra.
- Você esqueceu no corrimão! – disse lhe mostrando o guarda-chuva.
- Ai, eu vivo esquecendo! Mas pera ai, como você sabe o meu nome?
- Ouvi uma amiga sua falando.
-Ah sim! Muito obrigada, você é muito gentil! – foram as suas palavras, que soaram como um deja vu. Ana se aproximou, pegou o guarda-chuva sorrindo, agradeceu mais uma vez e foi embora. Eu ainda fiquei um tempo ali parado, perdido no balançar das coxas que afastavam Ana para sempre de mim. Alheio a todos e ao mundo, refletia em solidão: imaginava Ana nua e nós dois em uma cama grande. Uma história de amor e muito sexo. Foi quando eu ouvi uma voz familiar que bruscamente desapareceu com os meus sonhos.

-Filho duma puta, onde é que tu andava moleque? A mãe tá te procurando há mais de meia hora. Já era pra nós tá no morro! O Nem tá me esperando pra entregar o bagulho. Se ele tiver ralado eu vo vender a porra do teu Play. Pirralho filho duma puta!


Meu irmão puxou o meu braço, arrastando-me até a minha mãe, que me deu algumas palmadas. Por sorte Ana já havia ido embora ou eu morreria de vergonha.

9 comentários:

Anônimo disse...

ahh... essas paixões de supermercado... já tive tantas... e nenhuma deu certo também... ficou só na imaginação hahahahahah

Alterego disse...

Arrocha logo!!!

Nath Ataíde disse...

Adorei o o texto e teve um desfecho surpreendente.
seguindo ;*

Cristiane Felipe disse...

Muito bom!
Através do orkut vi seu blog. Gostei muito do conto, contemporâneo, leve, engraçado. O final não me deixou tão entusiasmada quanto o desenvolvimento do texto, mas isso é coisa minha. Parabéns, vc tem talento.

Fabíola disse...

Oi, menino talentoso(eu não tô puxando o saco).

Vim reler esse texto. Eu já tinha lido lá na comunidade. Confesso que, quando o li lá, não achei muita graça. Inclusive eu até tenho um comentário nesse seu texto lá na NEB.

Mas, relendo-o, até que eu passei a gostar. Não que eu tenha visto um grande conteúdo nele. Mas é que você monta seus textos de uma forma tão gostosa. Acho interessante a forma como você monta seus textos. É bem verdade que não noto neles nenhuma grande construção gramatical ou jogo de palavras. Seus textos não possuem nenhuma grande construção gramatical como os de Machado, por exemplo. Mas eu admiro a forma leve e irônica com que você narra seus textos e nisso eles se aproximam das narrativas machadianas sempre tão marcadas pela "ironia fina".

Eu noto que seu grande talento como escritor não reside em fazer belas construções com as palavras. Seu talento literário está no jogo de ideias que consegue introduzir nos seus textos.Eu adorei aquele texto de nietzsche e o terreiro de macumba, coisa assim o texto. Fabulosa a maneira como você conseguiu por em xeque todos os argumentos que poderia se fazer sobre cada filosofia religiosa citada no texto, pois no texto o espírito é extremamente cético quanto a assuntos religiosos, mas, ao mesmo tempo, sua personagem passa a não acreditar no espírito por ele ser, simplesmente, um espírito. Sem contar que a manifestação desse espírito se deu em um lugar, de certa forma, religioso, um terreiro de macumba, que, mesmo a despeito da hostilidade de alguns, não deixa de ser um ambiente religioso e apto a mexer com a fé das pessoas.

Sua capacidade de falar do nada de maneira gostosa também é interessante. Ainda que não se pretenda a falar de nada, você consegue prender a atenção do leitor, embora o texto tenha uns três parágrafos desestimulando o leitor a chegar até o final. Mas suspeito que a sua intenção ali foi discutir sobre o que é o nada sem falar nadarsrsrsrsrs e isso reforça ainda mais o que eu disse lá em cima: sua grande sacada e talento como escritor reside no seu jogo de ideias e não de palavras. É o jogo de ideias quase implícito, o que exige um leitor mais perspicaz, um leitor que tenha a intenção e a capacidade de ir além do superficial.

Meus parabéns! Ganhaste uma fã e olha que é difícil de eu gostar de um blog.

Tenha uma boa noite.

Ah! Acho que você não tá bem lembrado de mim, não. Deve está me confundindo com outra pessoa. Eu sou autora de um texto muito malquisto por alguns chamado Comlexo de Puta. Talvez isso ajude a refrescar sua memória.

Sucesso!

Fabíola disse...

Oi, menino talentoso(eu não tô puxando o saco).

Vim reler esse texto. Eu já tinha lido lá na comunidade. Confesso que, quando o li lá, não achei muita graça. Inclusive eu até tenho um comentário nesse seu texto lá na NEB.

Mas, relendo-o, até que eu passei a gostar. Não que eu tenha visto um grande conteúdo nele. Mas é que você monta seus textos de uma forma tão gostosa. Acho interessante a forma como você monta seus textos. É bem verdade que não noto neles nenhuma grande construção gramatical ou jogo de palavras. Seus textos não possuem nenhuma grande construção gramatical como os de Machado, por exemplo. Mas eu admiro a forma leve e irônica com que você narra seus textos e nisso eles se aproximam das narrativas machadianas sempre tão marcadas pela "ironia fina".

Eu noto que seu grande talento como escritor não reside em fazer belas construções com as palavras. Seu talento literário está no jogo de ideias que consegue introduzir nos seus textos.Eu adorei aquele texto de nietzsche e o terreiro de macumba, coisa assim o texto. Fabulosa a maneira como você conseguiu por em xeque todos os argumentos que poderia se fazer sobre cada filosofia religiosa citada no texto, pois no texto o espírito é extremamente cético quanto a assuntos religiosos, mas, ao mesmo tempo, sua personagem passa a não acreditar no espírito por ele ser, simplesmente, um espírito. Sem contar que a manifestação desse espírito se deu em um lugar, de certa forma, religioso, um terreiro de macumba, que, mesmo a despeito da hostilidade de alguns, não deixa de ser um ambiente religioso e apto a mexer com a fé das pessoas.

Sua capacidade de falar do nada de maneira gostosa também é interessante. Ainda que não se pretenda a falar de nada, você consegue prender a atenção do leitor, embora o texto tenha uns três parágrafos desestimulando o leitor a chegar até o final. Mas suspeito que a sua intenção ali foi discutir sobre o que é o nada sem falar nadarsrsrsrsrs e isso reforça ainda mais o que eu disse lá em cima: sua grande sacada e talento como escritor reside no seu jogo de ideias e não de palavras. É o jogo de ideias quase implícito, o que exige um leitor mais perspicaz, um leitor que tenha a intenção e a capacidade de ir além do superficial.

Meus parabéns! Ganhaste uma fã e olha que é difícil de eu gostar de um blog.

Tenha uma boa noite.

Ah! Acho que você não tá bem lembrado de mim, não. Deve está me confundindo com outra pessoa. Eu sou autora de um texto muito malquisto por alguns chamado Comlexo de Puta. Talvez isso ajude a refrescar sua memória.

Sucesso!

Fabíola disse...

Oi, menino talentoso(eu não tô puxando o saco).

Vim reler esse texto. Eu já tinha lido lá na comunidade. Confesso que, quando o li lá, não achei muita graça. Inclusive eu até tenho um comentário nesse seu texto lá na NEB.

Mas, relendo-o, até que eu passei a gostar. Não que eu tenha visto um grande conteúdo nele. Mas é que você monta seus textos de uma forma tão gostosa. Acho interessante a forma como você monta seus textos. É bem verdade que não noto neles nenhuma grande construção gramatical ou jogo de palavras. Seus textos não possuem nenhuma grande construção gramatical como os de Machado, por exemplo. Mas eu admiro a forma leve e irônica com que você narra seus textos e nisso eles se aproximam das narrativas machadianas sempre tão marcadas pela "ironia fina".

Eu noto que seu grande talento como escritor não reside em fazer belas construções com as palavras. Seu talento literário está no jogo de ideias que consegue introduzir nos seus textos.Eu adorei aquele texto de nietzsche e o terreiro de macumba, coisa assim o texto. Fabulosa a maneira como você conseguiu por em xeque todos os argumentos que poderia se fazer sobre cada filosofia religiosa citada no texto, pois no texto o espírito é extremamente cético quanto a assuntos religiosos, mas, ao mesmo tempo, sua personagem passa a não acreditar no espírito por ele ser, simplesmente, um espírito. Sem contar que a manifestação desse espírito se deu em um lugar, de certa forma, religioso, um terreiro de macumba, que, mesmo a despeito da hostilidade de alguns, não deixa de ser um ambiente religioso e apto a mexer com a fé das pessoas.

Sua capacidade de falar do nada de maneira gostosa também é interessante. Ainda que não se pretenda a falar de nada, você consegue prender a atenção do leitor, embora o texto tenha uns três parágrafos desestimulando o leitor a chegar até o final. Mas suspeito que a sua intenção ali foi discutir sobre o que é o nada sem falar nadarsrsrsrsrs e isso reforça ainda mais o que eu disse lá em cima: sua grande sacada e talento como escritor reside no seu jogo de ideias e não de palavras. É o jogo de ideias quase implícito, o que exige um leitor mais perspicaz, um leitor que tenha a intenção e a capacidade de ir além do superficial.

Meus parabéns! Ganhaste uma fã e olha que é difícil de eu gostar de um blog.

Tenha uma boa noite.

Ah! Acho que você não tá bem lembrado de mim, não. Deve está me confundindo com outra pessoa. Eu sou autora de um texto muito malquisto por alguns chamado Comlexo de Puta. Talvez isso ajude a refrescar sua memória.

Sucesso!

Fabíola disse...

Oi, menino talentoso(eu não tô puxando o saco).

Vim reler esse texto. Eu já tinha lido lá na comunidade. Confesso que, quando o li lá, não achei muita graça. Inclusive eu até tenho um comentário nesse seu texto lá na NEB.

Mas, relendo-o, até que eu passei a gostar. Não que eu tenha visto um grande conteúdo nele. Mas é que você monta seus textos de uma forma tão gostosa. Acho interessante a forma como você monta seus textos. É bem verdade que não noto neles nenhuma grande construção gramatical ou jogo de palavras. Seus textos não possuem nenhuma grande construção gramatical como os de Machado, por exemplo. Mas eu admiro a forma leve e irônica com que você narra seus textos e nisso eles se aproximam das narrativas machadianas sempre tão marcadas pela "ironia fina".

Eu noto que seu grande talento como escritor não reside em fazer belas construções com as palavras. Seu talento literário está no jogo de ideias que consegue introduzir nos seus textos.Eu adorei aquele texto de nietzsche e o terreiro de macumba, coisa assim o texto. Fabulosa a maneira como você conseguiu por em xeque todos os argumentos que poderia se fazer sobre cada filosofia religiosa citada no texto, pois no texto o espírito é extremamente cético quanto a assuntos religiosos, mas, ao mesmo tempo, sua personagem passa a não acreditar no espírito por ele ser, simplesmente, um espírito. Sem contar que a manifestação desse espírito se deu em um lugar, de certa forma, religioso, um terreiro de macumba, que, mesmo a despeito da hostilidade de alguns, não deixa de ser um ambiente religioso e apto a mexer com a fé das pessoas.

Sua capacidade de falar do nada de maneira gostosa também é interessante. Ainda que não se pretenda a falar de nada, você consegue prender a atenção do leitor, embora o texto tenha uns três parágrafos desestimulando o leitor a chegar até o final. Mas suspeito que a sua intenção ali foi discutir sobre o que é o nada sem falar nadarsrsrsrsrs e isso reforça ainda mais o que eu disse lá em cima: sua grande sacada e talento como escritor reside no seu jogo de ideias e não de palavras. É o jogo de ideias quase implícito, o que exige um leitor mais perspicaz, um leitor que tenha a intenção e a capacidade de ir além do superficial.

Meus parabéns! Ganhaste uma fã e olha que é difícil de eu gostar de um blog.

Tenha uma boa noite.

Ah! Acho que você não tá bem lembrado de mim, não. Deve está me confundindo com outra pessoa. Eu sou autora de um texto muito malquisto por alguns chamado Comlexo de Puta. Talvez isso ajude a refrescar sua memória.

Sucesso!

slyfer052 disse...

Cara... Adorei o conto! *-*