sábado, 12 de janeiro de 2008

O apanhador no campo de centeio (encarte Under)

Explicar “O apanhador no campo de centeio”, de Jerome David Salinger, não é tão fácil quanto ter certeza de que você nunca havia lido algo parecido. Não há vilões, reviravoltas, suspense ou tragédias. Ao invés disso, há um garoto de 17 anos e suas impressões, nem sempre simpáticas, do mundo e das pessoas.

Holden Caulfield é um adolescente rico que após ser expulso do colégio, resolve passar uns dias sozinho perambulando por hotéis, bares e ruas de Nova York. A história se concentra nesse período e na época do colégio, mas é contada em lembranças, narradas de um quarto de uma possível clínica psiquiátrica, onde ele se recupera de um esgotamento.

Holden considera a maioria das pessoas cretinas, falsas e interesseiras, e vê nas crianças a pureza e a sinceridade que gostaria de poder manter. O nome do livro é justamente uma metáfora dessa vontade, explicada por Holden em uma conversa com sua irmãzinha Phoebe. “Sabe o que eu queria ser? (...) Eu fico imaginando a beira de um precipício maluco. E sabe o que eu tenho que fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se algum deles sair correndo por ai sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer”.

Escrito em primeira pessoa e com uma linguagem para lá de coloquial, “O apanhador...” talvez seja um dos livros mais cultuados de todos os tempos. E não é para menos. A genialidade de J.D Salinger, em dar forma e ritmo à seqüência de anseios e angústias de Holden, pinceladas com ironias ácidas, humor negro e um realismo, as vezes cruel, mas sempre verdadeiro, diferenciam a narrativa de, provavelmente, tudo já realizado antes.

O livro foi escrito em 1951, uma época em que as escolas e os pais não eram tão tolerantes e os adolescentes não tinham liberdade para discutir muita coisa. O que de certa forma, “O apanhador..”,ajudou a mudar, ao relembrar o adulto que lê o livro um pouco do que ele pensava com seus 17 anos. Não todos, evidentemente. O “apanhador..” não é um livro para todos. Muita gente vai achar o Holden um cretino, assim como a recíproca, na certa, seria verdadeira. O improvável é alguém ficar indiferente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse livro é classe...

Leio e releio sempre que posso... sempre vai inspirar as pessoas...=]


Curti mto teus textos lah de cima...mas soh esse q soube oq comentar...heheh